Minha rima não é a que mais vende, nem a que lota o salão, mas traz paz ao coração da meia dúzia que prestou atenção. Talvez eu viva um tempão, talvez eu morra amanhã, mas eu lhe deixo a certeza de poder crer na manhã. Ser simples é ser um alien como quem não rebola, ta fora de moda igual ter um tênis sem mola. Cê hoje não crê em nada quando olha no espelho, mas já botou fé que quem botava ovo era o coelho. Pergunta pro menininho na foto do prézinho, se ele ficou com algo que possa dar vida ao seu mundinho pequeno escuro, sensato e previsível, onde a beleza de ser livre é invisível, onde tudo que é só seu, só te causa vergonha.
Aproveita agora que ninguém tá olhando e sonha!
Eu faço poemas pro tempo, arremesso eles ao vento, talvez um dia alguém escute e diga: mó talento! Acredito que tô cumprindo meu papel, mesmo que há olhos alheios ainda sonhe como réu.
Comprimento meus irmão que não são filhos da Jacira, enquanto ouço perguntar de hoje, qual rolê que vira? Faço como o sol pra todos mostro a mesma cara. Sendo tão guerreiro quanto o povo no Saara. Setenta e oito rotações ou trinta e três um terço, parindo beats lentos e o talento vem do berço, servindo de playground pro verdadeiro MC, meu sonho é ver o povo acordar pra poder dormir. E a quem não fecha com sistema cabe o calabouço, tem que trampar igual máquina e a pilha sai do seu bolso. Olhas as crianças brincando, moskão, manobra direito, nóis apavora os intruso, fica ligero sujeito, não vai estragar meu domingo, entristecendo a quebrada. Vejo o mundo fantástico com a tv desligada. São Paulo faz frio memo, eu vo de blusa e toca. Eu quero amor e paz, mais uma coisa tráz a outra. Pros meus filhos acho que a única coisa que eu vou deixar é essa riqueza que o gerente não pode levar. Documento suburbano registrado em minha voz. Oração de vagabundo, tira o amém, põe a rua é nóiz!
Conseguem entender?
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